Intolerância ao glúten



1. Doença celíaca
O glúten é um composto proteico encontrada em grãos como o trigo e a cevada. Ele na verdade é formado por duas proteínas, a gliadina e a glutenina. E a gliadina causa uma reação negativa nas pessoas.
Quando você mistura farinha de trigo com água, o glúten forma uma rede proteica grudenta, conferindo elasticidade à massa, e permitindo que o pão se forme quando cozido.
Quando o glúten atinge o intestino, provoca uma reação das células imunológicas, que acreditam que se trata de um invasor, como se fosse uma bactéria. Em pessoas mais sensíveis ao glúten, isso promove uma resposta mais forte, e na sua forma mais severa, essa resposta se traduz na doença celíaca. Em última análise, a resposta é tão forte que não só o glúten é atacado, mas a parede intestinal também.
Isso provoca a degeneração da parede do intestino, o que leva a deficiências nutricionais, problemas digestivos, anemia, fadiga e riscos de doenças mais severas.
Acredita-se que a doença celíaca afete 1% da população, e existem evidências que os níveis estão aumentando. E grande parte dos portadores fica sem diagnóstico, por terem sintomas leves. Um estudo sugeriu que 80% das pessoas portadoras sequer sabem que o são.

2. A sensibilidade ao glúten é muito comum e também pode ter consequências sérias
Mesmo sem ter doença celíaca, você pode ter alguma sensibilidade ao glúten. E isso é bastante comum.
Essa definição é nebulosa, mas basicamente significa que você apresenta alguma reação adversa ao glúten, e melhora dos sintomas quando entra em uma dieta sem glúten. Mesmo não sendo francamente celíacas, muitos dos sintomas são parecidos, incluindo diarreia, dores em ossos e articulações, e dor de barriga.
Baseados em estudos de detecção de anticorpos anti-gliadina no sangue, estima-se que 6-8% das pessoas possam ter sensibilidade ao glúten. Mas já foram encontrados resultados de 11% de pessoas com anticorpos no sangue, e 29% com anticorpos nas fezes. E isso se agrava se acrescentarmos o dado que aproximadamente 40% das pessoas carregam os genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8, que tornam seus portadores suscetíveis a sensibilidade ao glúten.

3. O glúten pode causar efeitos adversos mesmo em pessoas não sensíveis.
Também existem estudos demonstrando que indivíduos sem doença celíaca ou sensibilidade ao glúten podem ter reações adversas. Outros estudos demonstram inflamação crônica no intestino e uma barreira intestinal degenerada, o que pode permitir que substâncias indesejadas penetrem na corrente sanguinea.
E pacientes com a chamada síndrome do intestino irritável, que afeta 14% da população americana, podem ter sintomas exacerbados, assim como apresentam melhoras quando seguem uma dieta sem glúten.

4. Vários transtornos cerebrais estão associados com o glúten
Várias causas de doenças neurológicas estão ligadas ao glúten na dieta. Isso é conhecido como neuropatia idiopática sensível ao glúten.
A principal doença neurológica associada (ao menos parcialmente) ao glúten é a ataxia cerebelar, onde o portador apresenta incapacidade para manter o equilíbrio, movimentos, articular a fala, etc. Isso pode acontecer de forma permanente, e diversos estudos mostram associação entre o consumo de glúten e a ataxia cerebelar, assim como melhora dos sintomas com uma dieta sem glúten.
E outras doenças também respondem bem à uma dieta sem glúten: Esquizofrenia, autismo e algumas formas de epilepsia, por exemplo.

5. O glúten do trigo pode ser viciante
Uma coisa é você estar com fome, outra coisa é você estar com desejo de comer um determinado alimento. E alimentos que contém glúten são capazes de gerar esse desejo específico. Vários estudos sugerem o que o glúten tem propriedades viciantes.
Embora não seja totalmente comprovado, a quebra do glúten gera peptídeos (exorfinas do glúten) que podem ativar receptores opióides, que causam sensação de euforia e bem estar. Levando-se em conta que o glúten aumenta a permeabilidade do intestino, acredita-se que essas exorfinas cheguem mais facilmente ao sangue, e então alcancem o cérebro, promovendo o vício.
Não está totalmente provado, mas dada a evidência empírica que alimentos com glúten são algo viciantes mesmo (provavelmente só perdem para o açúcar), é algo a sempre se ter em mente.

6. O glúten está associado a doenças autoimunes
Doenças autoimunes são aquelas onde o sistema imunológico acaba atacando o próprio organismo. Existem diversos tipos, e todos eles combinados atingem 3% da população.
Diversos estudos acharam associações estatisticamente relevantes do glúten com doenças celíaca e outros transtornos autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto, diabetes tipo 1, esclerose múltipla, etc.


Apesar de ainda não ser provado que o glúten cause dano em uma larga porcentagem de pessoas, as evidências atuais são no mínimo alarmantes. Até que se façam mais pesquisas, há que se ponderar se vale a pena consumir algo capaz de causar dano, quando você pode consumir algo que certamente não vai.
Também deve-se manter em mente que o trigo, de longe o grão menos saudável, pode ser problemático por muitas razões, e algumas nada tem a ver com o glúten.
No fim das contas, a única forma de saber se você deve evitar o glúten ou não, é aderir a uma dieta sem glúten, e depois reintroduzi-lo, e ver se você tem sintomas. Especialmente se você em algum sintoma mais misterioso ou mal explicado, experimente fazer uma dieta sem glúten por 30 dias. Não há nada a perder.



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